terça-feira, 2 de agosto de 2011

Eu sigo sem ligar


Eu sigo sem ligar. A mão captura rápido o celular, eu começo a colocar o número dele. Mas passa. Ligo pra outro. E outro. E outro.
E passo mais um dia sem fazer o que eu sei que não devo.
Tudo o que ainda pensa e se preserva em mim grita e eu escuto. Sem cabimento, sem história, sem motivo, sem eco, sem colo, sem cumplicidade, sem acolhimento, sem nada.
O que mais eu quero ouvir? O que falta para eu entender? Que parte do meu conformismo estava de férias essas semanas?
Não ligue, Carol.
Ligue para o mundo inteiro, encha o mundo inteiro, canse o mundo inteiro, ame o mundo inteiro. Vamos, mais um dia.
Tente mais um pouco, o resto. Daqui a pouco, esse resto vira rotina. Esse resto vira tudo. E ele será resto.
Mais um pouco. Vamos, se esforce.
Vamos, não ligue. Daqui a pouco isso se perde, como tudo. Como todas as pessoas fazem. As pessoas fazem isso, e seguem, equilibradas, frias, certas, velhas, assustadoras. Você pode ser como elas. Você é como elas. Não, você não é. Mas foda-se. Mesmo assim, não ligue. Nunca mais

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